terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O que é a ficha limpa


O projeto Ficha Limpa foi aprovado pelo Senado. Os senadores levaram apenas uma semana para analisar a proposta para dar tempo de valer para as eleições de outubro. O projeto, de iniciativa popular, barra a candidatura de políticos condenados pela Justiça.

Leia abaixo como era e como vai ficar com a aprovação do projeto:

QUEM FICA INELEGÍVEL

Como é hoje: só os condenados com sentença transitada em julgado (sem possibilidade de recurso) ficam inelegíveis.

Como fica com o Ficha Limpa: condenação decidida por decisão colegiada deixa o político inelegível. Porém, o mesmo pode recorrer e, se conseguir liminar, pode se inscrever na eleição.

TEMPO DE INEGIBILIDADE

Como é hoje: o período de inelegibilidade varia de três a oito anos, a depender do crime.

Como fica com o Ficha Limpa: o político condenado pela Justiça fica oito anos inelegível.

CRIMES PREVISTOS NA LEI
Como é hoje: ficam inelegíveis condenados sem possibilidade de recurso pelos crimes contra economia popular, mercado financeiro, administração pública, fé pública, patrimônio público, tráfico de entorpecentes e crimes eleitorais.

Como fica com o Ficha Limpa: além dos crimes já previstos hoje, ficam inelegíveis também os condenados por decisão colegiada acusados de crimes de abuso de autoridade, lavagem ou ocultação de bens; racismo; tortura; terrorismo; crimes hediondos; trabalho escravo; crimes contra a vida; abuso sexual; formação de quadrilha ou bando; ato doloso de improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público; e enriquecimento ilícito.

CRIMES PRATICADOS NO EXERCÍCIO DO PODER

Como é hoje: quem tem cargo público na administração pública direta ou indireta que é condenado por abuso de poder econômico ou político fica inelegível por três anos. É comum que as decisões da Justiça saiam no final do mandato de quatro anos do político. Assim, na eleição seguinte, ele pode se reeleger.

Como fica com o Ficha Limpa: os mesmos ficam inelegíveis por oito anos seguintes à decisão.

POLÍTICOS QUE RENUNCIAM PARA NÃO SEREM CASSADOS

Como é hoje: político ameaçado de ser processado e renuncia para não ter o mandato cassado pode se candidatar na eleição seguinte

Como fica com o Ficha Limpa: presidente da República, governadores, prefeitos, deputados federais e estaduais, senadores e vereadores que renunciam para não perder o mandato ficam inelegíveis nos oito anos subsequentes.

PROFISSIONAIS PROCESSADOS

Como é hoje: político que tenha sido demitido do cargo profissional por decorrência de infração ética e profissional não tem impedimento para se candidatar.

Como fica com o Ficha Limpa: profissional excluído da profissão por infração ética fica inelegível. Funcionários públicos demitidos após processo administrativo ou judicial também. Ainda membros do Ministério Público que tenham perdido o cargo por processo disciplinar ficam fora das eleições.

Veja também:

Ouça a íntegra do debate que reunião ONGs pró-Ficha Limpa no 'Estadão'

Especial mostra quais entidades apoiam o Ficha Limpa; veja

Íntegra do projeto Ficha Limpa

Cadastro Nacional de Condenações Cíveis por Ato de Improbidade Administrativa -- Sistema de consulta de políticos processados e condenados por improbidade.

Por Lucas - Publicado no Blog do Lucas

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Vende-se


stou impressionado com a força e a forma que o Mercado tem tomado. Tudo, quase que absolutamente, está direta ou indiretamente envolvido nesta idéia. Me assusta a atribuição de valor mercadológico a quase tudo. Tudo pode ser comprado ou vendido. Um certo advogado que ocupou um cargo de grande responsabilidade moral e ética em nosso estado, em reunião com seus colaboradores disse: “Todo homem tem seu preço. Eu tenho o meu, mas aqui ninguém pode pagá-lo”.

Estamos mergulhados até a alma neste oceano mercadológico. Querem ver?

Vende-se felicidade. Pois é, por pouco mais de R$12,00 você pode ser uma pessoa feliz, porque comprou e comeu um BigMac, ou melhor, por R$1,50 você é feliz e transmite felicidade ao mundo inteiro abrindo e bebendo uma Coca-Cola. Felicidade, para o mercado, é consumir.

Aqui está um mal de nosso século. Não somos mais pessoas, somos consumidores. Não temos identidade, temos cartão de crédito. Não pensamos, somos convencidos.

Não importando qual seja o partido e suas “ideologias”, os candidatos não vêem pessoas, vêem votos; não vêem problemas sociais, vêem plataformas eleitorais; não vêem necessidades urbanas, vêem oportunidades de autopromoção. Há décadas o modus operandi deles é o mesmo: visitar as favelas e os guetos em tempos de eleição e depois sumirem. Por que? Porque as pessoas são consumidoras, seja de idéias, seja de promessas, ou sonhos, nós somos alimentados a depender e consumir. A política é feita para manter as grandes empresas grandes, os consumidores consumindo, e a engrenagem girando.

Observe as propagandas de carros. Alguém já viu nestas chamadas um conselho aos telespectadores do tipo:

“Cuidado! Só compre se você realmente tiver condições de pagar. Isso não é uma necessidade, é apenas um luxo dispensável”

Você nunca verá. Por quê? Porque o mercado não se importa se você está com as contas atrasadas, se precisa reformar a casa porque o telhado está quase caindo, ou se gasta metade do orçamento com medicamentos, ele apenas diz: 

- Compre a super tela de última geração porque a sua é antiquada e não serve mais. 

- Compre o carro novo porque agora a maçaneta é prateada e os pneus vem com neon de série.

- Compre! Compre! Compre! Gaste! Se endivide! Não importa se perderá noites de sono tentando pagar o carro novo, o importante é que seu visinho vai morrer de inveja toda manhã quando vir você saindo de carro zero! Isso te lembra uma propaganda?

E a igreja? E o evangelho? Está no mesmo caminho.

Os cultos são shows. As ovelhas são clientes. Os pecadores são o público alvo. Os pastores são mega-empresários. Os obreiros são gerentes. A palavra é a mercadoria, vendida à preço de banana (ou de rosa ungida, água do rio Jordão, etc...). A bíblia se tornou um “mercado” tão lucrativo, que nos últimos dez anos, foram publicadas no Brasil mais de 40 modelos. Tem bíblia pra tudo e pra todos. É apenas uma preocupação em tornar a palavra atraente a todos os tipos de pessoas? Sim e não. Aí também está envolvido o interesse comercial. Muitos dos líderes e formadores de opinião de nossas denominações não estão nem um pouco preocupados com o Reino de Deus. Querem ser reis no mundo. Não se contentam apenas em ser populares, querem ser populares e ricos. Querem fama, sucesso e poder. Então se vendem ao mercado e colocam preço nas ovelhas. Pasmem, mas ouvi há alguns dias atrás que um pastor ofereceu a outro a igreja, com tudo dentro por certa quantia em dinheiro. Quando ele disse tudo dentro, incluía os membros. Ou seja, para ele os bancos, o púlpito, o equipamento de som, e as pessoas, digo, os membros, são todos parte do “patrimônio” da igreja.

Vende-se de tudo. Tudo tem preço. A honra, a ética, a moral, o nome, a vida.

Fico chocado com as notícias de exploração sexual, tanto infantil como de adultos. O ser humano reduzido a um boneco vivo de satisfação dos desejos mais horrendos do coração das pessoas. Na estrada, altas horas da madrugada uma criança de 11 anos desfila e se expõe como uma porção de carne na vitrine do açougue. Ela não tem pai, nem mãe. Mas, e daí, problema dela, cada um se vira como pode. Na corrida pelo sucesso não há tempo de parar e socorrer outros, afinal, ela pode se tornar uma concorrente, e acabar sendo mais feliz que eu. 

Eu estou tateando em busca de uma ínfima partícula de similaridade desse homem mercante com o criador doador dos dons. Não estou conseguindo ver... Sequer sentir.

O jovem se tornou bem sucedido. Agora tem uma moto, um carro, anda com as mulheres mais bonitas e desejadas do “pedaço”. Veste-se com as grifes da moda. Enquanto bebe com seus amigos, chega um de seus clientes; maltrapilho, fede como um cão, está tão magro que é possível visualizar cada osso de seu rosto. Tem nas mãos um celular de última geração, foi roubado mas, e daí, não importa os meios, o que importa é que ele tem com que barganhar mais quinze segundos de prazer. O jovem bem sucedido não se importa, e não faz questão de esconder isso. É um cliente. É uma fonte de lucros. Sustenta sua vida feliz, mesmo que para isso, tenha acabado com qualquer alegria de uma família inteira. Não lhe importa o fato de o pai daquele resto de gente ter morrido em depressão ao ver seu único filho aos quinze anos se enterrar vivo no crack, se seus primos, tios, mãe, amigos, todos foram golpeados mortalmente pela miséria do estado em que ele se enfiou. O jovem bem sucedido toma o aparelho das mãos ossudas do rapaz e em troca lhe dá uma pequena pedrinha, que lhe dará uns vinte minutos de prazer e fuga e então lhe lançará no inferno abissal. Mas o mercado está feliz porque o jovem encontrou uma fonte de lucro rentável e permanente, que não requer muitas inovações e tem público cativo (literalmente).

Meus queridos, não permitam que colem uma etiqueta em suas costas e lhe atribuam valor de mercado.

A felicidade não está nas coisas. Por mais que tenhamos e tenhamos. Somos mais infelizes. A felicidade está na comunhão com Deus e com os outros. Naquilo que ele nos deus de maior valor: A esperança de vida eterna.

“Se esperarmos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis dos homens” ICo. 15.19


Por Davi Oliveira - Publicado no Blog Mente e Espirito.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Para que serve a nota fiscal


Para muitos, notas e cupons fiscais são simples pedaços de papel que não significam muita coisa! Para que pedir um pedacinho de papel, que minutos depois você vai colocar na sesta de lixo mais próxima? Porque exigir uma nota fiscal do posto de gasolina ou do supermercado, quando todos sabem que o funcionário do local, vai fazer cara feia e inventar um monte de desculpas para não lhe entregar o tão valioso pedacinho de papel?
Costumamos reclamar sempre que o país não vai para frente, que os políticos não são pessoas confiáveis e coisas desse tipo. Só que ao não exigir a nota ou o cupom fiscal, você vai está contribuindo para um crime! Ao não emitir o documento fiscal, o comerciante, está deixando de pagar impostos, e isso significa menos escolas, menos hospitais, menos obras públicas. Ao exigir a nota ou cupom fiscal você tem a garantia que comprou tal produto ou prestou serviço à determinada empresa.
Quando o contribuinte, deixa de emitir uma nota fiscal de mercadoria, o imposto mais negado é o ICMS (Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação). Mas também se nega imposto no caso da prestação de serviço, o ISS (Imposto sobre Serviço).
As penalidades previstas em lei, para quem sonega imposto, é na ordem 100% quando o imposto é o ISS e 200% quando o imposto é o ICMS. Esses valores são cobrados em cima do valor que foi sonegado. “O comerciante tem a obrigação de emitir o cupom fiscal, mesmo que o comprador não peça! O mesmo se aplica a nota fiscal! Se o comparador a exigir, o comerciante tem a obrigação de emiti-la, mesmo que o serviço prestado tenha sido um abastecimento simples em um posto de gasolina. Para recolhimento de impostos, o cupom fiscal tem o mesmo valor da nota fiscal”

Por Lucas, Prof°. Licenciado em Matemática, membro da Igreja Batista Betel em Pau Brasil, editor do Blog do Lucas.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

O Crescimento da Igreja Primitiva!

É inegável e indiscutível a relevante ação do Espírito Santo no início da Igreja no livro de Atos dos Apóstolos. Como conseqüência pela obediência de atender ao Senhor Jesus Cristo, quando ordenou que todos ficassem em Jerusalém para receber poder do Consolador (At. 1.4; Jo 14.26), os discípulos que perseveraram unanimente em oração tornaram-se mais capacitados para a boa obra, quando do alto foi derramado unção do Espírito e falaram em outras línguas. Com certeza esse fato marcou o início da Igreja do Senhor na terra, dotada de poder e virtude.
Porém, apesar da efusão do Espírito Santos no dia de Pentecostes, a Igreja Primitiva cultivou algumas ações, motivados pelo Espírito Santo, claro, que contribuíram para um significativo acréscimo de cristãos com qualidade. Em Atos 2.42 estão explícitas essas atitudes. Vejamos: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações”:

a) E perseveravam na doutrina dos apóstolos...” – Em uma das definições de perseverar temos: “conservar-se firme e constante (num propósito); continuar”. Assim sendo, concluímos que, os novos crentes, não obstante a unção que recebiam após a conversão, conservavam-se firmes e constantes no propósito de meditar e conhecer as doutrinas apostólicas. Como cristãos autênticos temos ciência que a Palavra de Deus é viva, é eficaz, é mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, penetra a divisão da alma, do espírito, e das juntas e medulas e, é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração (Hb. 4.12), ou seja, é o nosso sustento espiritual. Destarte conhecermos essa verdade, movidos pelas ocupações desta vida, deixamos de “perseverar” nessa Palavra diariamente para alcançarmos a perfeição espiritual (Ef. 4.13), estando prontos para manejar essa verdade (2 Tm 2.15), para respondermos com mansidão e temor a qualquer que pedir a razão da nossa esperança (1 Pe 3.15). Fazendo assim, não estaremos cometendo erros (Mc 12.24) que nos afastem de Deus, pelo contrário, estaremos praticando a recomendação do profeta Oséias: “ Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor... (Os 6.3ª).

b) ... e na comunhão... – Assim como na doutrina, conservavam-se firmes e constantes no propósito de manterem a comunhão (gr. Koinonia), isto é, “tendo em comum, sociedade, companheirismo, denota: a parte que alguém tem em algo, participação, companheirismo reconhecido e desfrutado” (Dicionário Vine, pág. 485, CPAD). Esse partilhar de experiências e interesses comuns dos cristãos da Igreja, fomentava a união espiritual e fraterna dos irmãos, proporcionando a cada um deles suprimir a falta existente, uma vez que “vendiam suas propriedades e fazendas e repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade” (At. 2.45).
c) ... e no partir do pão... – Como conseqüência da genuína comunhão que vivenciavam, partiam o pão de casa em casa e comiam juntos com alegria e singileza de coração (At 2.46). Pão no Livro Sagrado, metaforicamente, representa o sustento da vida. Por isso, o Senhor Jesus intitulou-se “o pão da vida” (Jo 6.48), ou seja, Ele (Jesus) é o sustento da vida (Jo 15.5). Como importante trabalho social, os cristãos primitivos, fracionavam o pão entre si, saciando a fome física do necessitado e não deixava de anunciar o “pão” para o alimento espiritual: Jesus!

d) ... e nas orações... - Por fim para incrementar a qualidade do crescimento da Igreja, os irmãos permaneciam firmes e constantes no propósito da oração. Cristão e oração na óptica bíblica são palavras sinônimas, visto que é impossível ter êxito na caminhada cristã sem momentos de diálogos (oração) com Deus. A oração é chave para abrir as portas das bênçãos espirituais. Por isso aqueles irmãos, além de perseverarem na doutrina, na comunhão e no partir do pão, exerciam com constância e firmeza o ato da oração.
Por derradeiro, a conseqüência dessas atitudes de fé e exercício cristão, está no versículo 47b, capítulo 2 do livro em apreço (Atos): “... E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”. Bons exemplos são para serem seguidos. Sigamos firmes e constantes esses exemplos apresentados. Deus abençoe!!!

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Você é político!!


Como disse Bertolt Brecht:

"O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais. "

Por isso é que devemos nos envolver com a política. Não estou falando de politicagem, mas das decisões que você tem que participar enquanto cidadão livre, com opiniões e decisões.
A palavra política deriva do grego "politikós", adjetivo que significa tudo o que se refere à cidade (em grego, "pólis"). Mas o conceito de "pólis" é mais abrangente do que o nosso conceito de município. Na Grécia antiga, entre os séculos 8 e 6 a.C, surgiram as "pólis", que eram, ao mesmo tempo, a cidade e o território agropastoril em seus arredores, que formavam uma unidade administrativa autônoma e independente: uma cidade-Estado, quase como um país nos dias de hoje. Atenas e Esparta são as cidades-Estado mais famosas da Antiguidade grega.
De qualquer modo, inicialmente, a expressão política referia-se a tudo que é urbano, civil, público. O significado do termo, porém, expandiu-se graças à influência de uma obra do filósofo Aristóteles (384-322 a.C), intitulada Política. Nela, o filósofo desenvolveu o primeiro tratado sobre a natureza, funções e divisão do Estado - ou seja, o conjunto das instituições que controlam e administram um país - e sobre as várias formas de governo.
Política, então, passou a designar a arte ou ciência do governo, isto é, a reflexão sobre essas questões, seja para descrevê-las com objetividade, seja para estabelecer as normas que devem orientá-la. Durante séculos, o termo passou a ser usado para designar obras dedicadas ao estudo das atividades humanas que de algum modo se refere ao Estado. Entretanto, nos dias de hoje, ele perdeu seu significado original, que foi gradativamente substituído por outras expressões, como "ciência política", "filosofia política", "ciência do Estado", "teoria do Estado", etc. Política passou a designar mais as atividades, as práticas relacionadas ao exercício do poder de Estado.

Por isso vote consciente.


Por Salatiel Lucas
*Licenciado em Matemática, membro da Igreja Batista Betel em Pau Brasil (BA) e Editor do Blog do Lucas.
Finalizando a transcrição das propostas dos principais candidatos a presidente do Brasil, relatando sua origem política, propostas sobre aborto, união civil de casal homossexual, adoção de crianças por homossexuais e legalização das drogas, publicado na edição de setembro/10 do Jornal Mensageiro da Paz (CPAD), segue abaixo os ideais da candidata do PV, Marina Silva, quanto aos temas ora citados. Lembrando que já discorremos sobre as idéias do candiato do PSDB José Serra (clique aqui) e da candidata do PT Dilma Roussef (clique aqui).



Marina Silva

Sobre fé e origem política - Evangélica desde 1997, membro da Assembleia de Deus e formada em História, a acreana Marina Silva, 52 anos, começou a sua trajetória política nos anos 80, no Partido Revolucionário Comunista (PRC), que se abrigava no PT sob o comando do então deputado José Genuíno. Por essa época, engajou-se no movimento sindical do Acre, chegando a fundar a Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Estado em 1985, ao lado de Chico Mendes. Filiou-se oficialmente ao PT em 1986, sendo eleita vereadora, deputada estadual e senadora. Durante dura enfermidade que sofreu nos anos 90 em decorrência de sua contaminação por metais pesados quando ainda vivia no seringal, converteu-se, abandonando o materialismo radical (ateísmo) - como admitido em sua biografia lançada este ano - e se ligando à Assembleia de Deus. Deixou o PT em 2009 para se filiar ao PV. Por sua história ligada à causa ambiental, é respeitada internacionalmente como uma das maiores personalidades na área de meio ambiente.
No que diz respeito à sua relação com o meio evangélico, Marina tem trazido alegria por falar publicamente contra o preconceito em relação à fé evangélica e por permanecer, depois de muitos anos, se conduzindo no meio político sem envolver-se com corrupção. Porém, tem sido criticada por chancelar ideologicamente defensores da Teologia da Libertação e por se ainda hoje condescendente com algumas propostas defendidas por alas radicais da esquerda brasileira, como é caso de sua posição à extradição de Cesare Battisti, terrorista foragido, condenado pela justiça italiana pelo assassinato de quatro pessoas (duas como mandante e as outras como executor), roubo, formação de quadrilha e insurreição armada contra os poderes do Estado.      

Aborto - É pessoalmente contra a legalização do aborto, mas propõe um plebiscito para se avaliar o assunto. Seu atual partido, o PV, defende abertamente a legalização do aborto, embora não coloque a aceitação dessa proposta como condição para se filiar ao partido, diferentemente ao antigo partido de Marina, o PT. Em uma de suas muitas declarações sobre o tema, com é o caso da entrevista ao programa Painel RBS em 18 de maio, transmitido pela Rádio Gaúcha, Marina afirmou: "Proponho um debate democrático sobre o tema. Quero que os brasileiros saibam minha posição pessoal, mas sei que temos um Estado laico".
Ao que parece, a candidata do PV acredita, apoiada nas últimas pesquisas nacionais sobre a legalização do aborto (que mostram a maioria da população contra), que a proposta de legalização certamente perderia em um plebiscito e, assim, o tema seria encerrado. Contra sua tese, porém, pesa o fato de que como o aborto é o assassinato de uma vida, não deveria, na prática, sequer ser submetido a um plebiscito. E ao referir-se ao Estado laico quando fala sobre esse assunto, a candidata está, mesmo sendo contrária ao aborto, admitindo à tese de que a oposição ao aborto trata-se apenas de uma questão religiosa, como defendem os defensores da legalização do aborto.

União civil homossexual e adoção de crianças por homossexuais - É contra se dar o status legal de casamento a uma união homossexual, mas é favor da legalização civil de uniões homossexuais. Marina defende que homossexuais que vivem como "casais" tenham direito a herança conjunta, plano de saúde conjunto e direitos previdenciários como qualquer casal. Em um encontro com pastores em Bauru (SP) em 29 de julho, ela reafirmou sua posição: "Por entender um casamento com um sacramento entre um homem e uma mulher, sou contrária, mas defendo que os direitos civis dos homossexuais sejam protegidos. Não concordo que eles não devam ter direito a plano de saúde conjunto, não concordo que não devam ter direito à herança conjunto". E acrescentou: "É engraçado que isso gere um certo estranhamento. Junto à comunidade gay existem alguns que ficam contrários à minha posição por não defender o casamento, e junto à comunidade evangélica alguns ficam insatisfeitos porque digo que não sou contrária aos direitos civis e à preservação de bens".
Quanto a adoção de crianças por homossexuais, Marina diz não ter ainda opinião formada sobre o assunto. Na primeira vez em que foi perguntada sobre o tema, ao participar de um encontro com evangélicos em Cuiabá (MT) em 5 de maio, afirmou à época que ainda estava definindo seu posicionamento "como cristã e como psicopedagoga". E explicou seu impasse: "Vivemos num mundo em que milhares de crianças estão abandonadas. Por outro lado, há questionamentos que são levantados em relação à figura dos agentes paternais [homossexuais]". Dois  meses depois, em 15 de julho, em sabatina feita pela Record News em São Paulo, afirmou que ainda não tinha opinião formada sobre o assunto.

Legalização de drogas - É pessoalmente contra, mas propõe que a legalização da maconha seja colocada em plebiscito. Seu atual partido, o PV, defende abertamente a legalização da maconha, embora não coloque a aceitação dessa proposta como condição para se filiar ao partido. Na sabatina de 15 de julho em São Paulo feita pela Record News. por exemplo, Marina afirmou que "a simples legalização do consumo das drogas não seria o melhor caminho para combater o narcotráfico", mas defendeu o plebiscito para avaliar a legalização da maconha. Em entrevista ao Painel RBS em 18 de maio, transmitida pela Rádio Gaúcha, disse: "Essa questão é muito complexa e proponho um plebiscito para que a sociedade possa debater". Como no caso de sua proposta de plebiscito sobre o aborto, Marina parece crer, apoiada nas últimas pesquisas nacionais sobre a legalização das drogas (que mostram a maioria da população contra), que a proposta de legalização certamente perderia e, assim, o tema seria encerrado.                

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O Tema é Oração!!!

No trimestre passado (julho-agosto-setembro) tivemos como tema das "Lições Bíblicas" na Escola Bíblica Dominical "O Ministério Profético na Bíblia". Como um dos canais de comunicação de Deus para com o homem, as profecias tem a tríade função de edificar, exortar e consolar (1 Coríntios 14.3) àquele que a ouve ou recebe. Os profetas tornam-se boca de Deus aqui na terra (Exôdo 7.1,2), anunciando integralmente o que o Pai Celestial os revela, pois, fazendo assim, a profecia alcança autenticidade e não se torna fruto de ação humana.

Já no 4°. trimestre do corrente ano (outubro-novembro-dezembro) estaremos debruçados a estudar sobre a singular forma de falarmos com o Criador: a Oração. Comentada pelo Pastor Eliezer de Lira e Silva, conhecido conferencista de Escolas Bíblicas em todo país e Diretor do Projeto Missionário Ide Ensinai em Moçambique, África, as "Lições Bíblicas" (para faixa etária de jovens e adultos) destes últimos três meses do ano tem como tema "O Poder e o Ministério da Oração -   o relacionamento do cristão com Deus", trazendo em suas páginas treze lições temáticas e seqüenciais sobre o citado tema, para nosso proveitoso estudo, as quais são:

  • Lição 1 - O que é Oração
  • Lição 2 - A Oração no Antigo Testamento
  • Lição 3 - A Oração Sábia
  • Lição 4 - A Oração em o Novo Testamento
  • Lição 5 - Orando como Jesus ensinou
  • Lição 6 - A importância da Oração na vida do crente
  • Lição 7 - A Oração da Igreja e o trabalho do Espírito Santo
  • Lição 8 - A Oração Sacerdotal de Jesus Cristo
  • Lição 9 - A Oração e a Vontade de Deus
  • Lição 10 - O Ministério da Intercessão
  • Lição 11 - A Oração que conduz ao Perdão
  • Lição 12 - Quando o crente não Ora
  • Lição 13 - Se o meu povo Orar


Relevante tema para nossos dias! Há muitos crentes "terceirizando" a Oração, delegando-a a outros para orar por sua vida e projetos, esquecendo-se que a Oração é um momento pessoal de íntima comunhão com Deus e, quem assim faz alcança benefícios materiais e espirituais (segundo a Vontade de Deus), "porque aquele que pede, recebe; e o que busca, encontra; e, ao que bate, se abre" (Mateus 7.7,8).

É inconcebível uma vida cristã que prevaleça sobre o pecado e produza frutos, sem a prática da Oração. Ela é uma via de mão dupla, pela qual clamamos a Deus (Jeremias 33.3), Ele nos ouve (Salmos 65.2a) e nos responde (Mateus 21.22). Por isto, encontramos na Bíblia exemplos dos efeitos que a Oração provoca quando feita por um justo (Tiago 5.16b). Vejamos: Remédio para preocupação e inquietude (Filipenses 4.6); arma para o combate espiritual (Rm 15.30); cura o doente (Tiago 5.15); liberta das prisões (Atos 12.5-11); expulsa demônios (Marcos 9.29; Mateus 17.21); faz viver (Issaias 38.1-5); perdoa pecados (2 Crônicas 7.14); sara a terra (2 Crônicas 7.14); etc, etc. O próprio Senhor Jesus nos demonstrou, enquanto no exercício de seu ministério público e terreno, uma vida de Oração (Mateus 6.1-3; 14.23; 26.36; Marcos 1.35). Que dirá nós, serem humanos fracos e limitados?

Portanto, faz-se necessário vigiarmos e buscarmos trilhar incessantemente o caminho da Oração, "até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo" (Efésios 4.13), edificando-nos em amor, reverberando a imagem e semelhança de Cristo, neste mundo obscuro e pecaminoso.

Em Paz,

Paulo Cícero
                  

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Propostas dos Candidatos I

Nesta segunda postagem sobre as propostas dos principais candidatos a presidência, estarei transcrevendo as ideologias da candidata do PT Dilma Roussef, publicadas no Jornal Mensageiro da Paz, publicado pela CPAD, edição de setembro 2010, sobre fé, aborto, união civil de homossexuais, adoção de crianças por homossexuais e legalização das drogas. Começamos com José Serra (Propostas dos Candidatos), sendo que hoje, segunda-feira é sobre Dilma Roussef e, na próxima quinta-feira, 30, será as propostas sobre os temas citados acima, da candidata do PV, Marina Silva. Leia atenciosamente e tire suas dúvidas (se ainda tem) antes do exercício de cidadania em 03 de outubro.


Dilma Roussef

Sobre fé o origem política - A mineira de ascendência búlgara Dilma Roussef, 62 anos, bacharel em Economia, é atéia desde a sua juventude de guerrilha comunista. Ela foi líder nos grupos guerrilheiros colina e VAR-Palmares. Com o fim do Regime Militar, deixou a guerrilha. É uma da fundadoras do PDT e desde 2001 é filiada ao PT. Quase sempre seu nome aparece ligado à ala radical do partido, embora ultimamente tenha tentado descolar sua imagem dela. Pesam contra Dilma o fato de que o conteúdo do Plano Nacional de Direitos Humanos 3, publicado em 21 de dezembro de 2009 e redigido na Casa Civil sob sua gestão, bem como o texto original de seu Programa de Governo entregue em julho ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), trazem terríveis propostas da ala radical do PT. Após críticas, porém, todos os dois textos foram alterados.
Estrategicamente, ela deixou de assumir seu ateísmo durante a campanha. A partir de 2007, quando seu nome passou a circular como candidata virtual do PT à sucessão de Lula, ela passou a dizer-se agnóstica. Agora, mais precisamente desde maio deste ano, se apresenta como religiosa. Em sabatina promovida pelo jornal Folha de São Paulo em 2007, começou a fase agnóstica. Na ocasião, ao ser perguntada se cria em Deus, confirmou que sempre fora ateísta e se apresentou com agnóstica. Disse também que mesmo não tendo religião alguma e nem certeza da existência de Deus, respeitava todas as religiões: " Fiquei durante muito tempo meio descrente. Acredito que as diferentes religiosidades são fundamentais para as pessoas viverem. A gente não pode achar que existe aquele seu Deus. Eu me equilibro nessa questão: Será que há? Será que não há? Eu me equilibro nela". Dois anos depois, em entrevista à revista Marie Clarie, ela reafirmou que mesmo tendo sido batizada no catolicismo na infância, não seguia nenhuma fé, mas brincou dizendo ter momentos de religiosidade em meio a dificuldades: "Fui batizada na Igreja Católica, mas não pratico. Mas, olha, balançou o avião, a gente faz uma rezinha". Agora, mais precisamente desde maio, em plena campanha e sem ter passado por nenhuma experiência de conversão religiosa conhecida, Dilma resolveu de repente se declarar uma pessoa religiosa; no caso, se diz agora "cristã, num segundo momento católica" e "seguidora da Virgem Maria". Há poucos meses, afirmou duas vezes ao público católico - em entrevistas no Ceará e ao programa Brasil Urgente da Rede Bandeirantes de Televisão - que era seguidora de Maria. Como afirma matéria do Correio Braziliense  de 23 de maio, desde que seu nome surgiu como candidata do PT à sucessão de Lula, dilma "primeiro esquivou-se de responder se Deus existe; depois, disse não ter religião, mas respeita quem é religioso, até que decidiu assumir-se seguidora do Vaticano".

Aborto - É  a favor da legalização do aborto. Em entrevista à revista Marie Claire de abril de 2009, Dilma defendeu-a abertamente: "Duvido que alguém se sinta confortável em fazer um aborto. Agora, isso não pode ser justificativa para que não haja a legalização". Em 7 de maio deste ano, em entrevista dada ao "Encontro de Editores 2010", promovido pela revista Istoé, ao responder a uma pergunta da jornalista Gisele Vitória, diretora de redação da revista Gente, afirmou Dilma: " O aborto, do ponto de vista de um governo, não é questão de foro íntimo, é uma questão necessariamente de saúde pública. Tem que ser seriamente  conduzido dessa forma". E diante do pedido para que fosse mais explícita, dizendo se estava defedendo mesmo a descriminalização do aborto, Dilma declarou que defende a criação de uma legalização "que obrigue a ter tratamento para as pessoas", citou como exemplo o que ocorre "nos países desenvolvidos do mundo inteiro" (numa referência aos EUA e à boa parte dos países europeus, que legalizaram o aborto), e ainda concluiu asseverando que estava falando claramente de "atendimento público para quem estiver em condições de fazer o aborto ou querendo fazer o aborto".
Mesmo após ser criticada pelos movimentos pró-vida por apoiar a legalização do aborto e por lamentar o aborto apenas como "uma agressão à mulher" (como no caso da entrevista que deu ao programa de tevê Painel RBS, em Porto Alegre, em 11 de maio), deixando de reconhecer que antes de tudo, o aborto é um assassinato da criança no ventre, Dilma ainda disse, ao sair de uma missa em São Paulo em 15 de maio, que a legalização do aborto no Brasil é algo que tem que ser feito independente de sua opinião pessoal sobre o assunto ("Não é uma questão se eu sou contra ou favor, é o que eu acho que tem que ser feito"). Na mesma entrevista, apesar de se referir pela primeira vez em sua campanha ao ser humano em gestação como sendo vida, cometeu a gafe de na mesma frase comparar o assassinato de uma criança no ventre de sua mãe com arrancar um dente ("Não acho que ninguém quer arrancar um dente, e ninguém tampouco quer tirar a vida de dentro de si").
O programa original de governo de Dilma Roussef entregue ao TSE no inicio de julho traz a proposta de legalização do aborto, afirmando que "o Estado brasileiro reafirmará o direito das mulheres de tomarem suas próprias decisões em assuntos que afetem o seu corpo e a sua saúde". Após ser criticada por isso, seus assessores mudaram o texto do programa neste ponto, bem como em outros pontos no mínimo polêmicos que foram ressaltados pela mídia à época. Lembrando ainda que o Programa Nacional de Direitos Humanos 3 (publicado em 21 de dezembro de 2009 e que foi realizado, como todo decreto presidencial, na Casa Civil, então conduzida pela ministra Dilma Roussef) defendia abertamente a legalização do aborto no Brasil. Em sua Diretriz 9, afirmava o Programa que o governo federal se comprometia a "apoiar a aprovação do projeto de lei que descriminaliza o aborto, considerando a autonomia das mulheres para decidir sobre seus corpos". Esse texto também viria a ser alterado após críticas da Igreja Católica e evangélicos. Porém, sites pró-candidatura petista, como "Mulheres com Dilma" e "Blog Galera da Dilma", ainda costumam publicar artigos pró-aborto, tais como "Papo sério: aborto na juventude" ( de 6 de maio de 2010), que defende a falácia de que " a não legalização do aborto representa o óbito de muitas mulheres".

União civil homossexual e adoção de crianças por homossexuais - É a favor de ambas. Em entrevista à estatal TV Brasil em 21 de julho, afirmou Dilma: "Sou a favor da união civil entre homossexuais". Ela ainda justificou seu apoio classificando a união civil homossexual como um direito civil para afirmar em seguida que sua posição se deve ao fato de ser "totalmente a favor dos direitos civis". Ou seja, para a candidata do PT, não ser a favor da união civil homossexual significa não ser totalmente a favor dos direitos civis. Quanto à imposição do Estado para que as igrejas aceitem realizar "casamentos" homossexuais, Dilma não falou até agora nada a respeito.

Legalização da drogas - É contra a legalização de drogas, mas apenas "dentro do quadro que temos hoje no Brasil". Ou seja, é contra, mas não descarta a possibilidade de, no futuro, sob outras condições, o tema ser discutido, Na já mencionada entrevista à estatal TV Brasil, por exemplo, na oportunidade que teve de falar sobre o tema, Dilma declarou: "Não podemos falar em processo de descriminalização de droga nenhuma enquanto tivermos o quadro que temos hoje no Brasil. Uma droga não está isolada da outra. O consumo de crack se une ao de outras drogas. Temos que ter cuidado para não chegar nessa situação de descriminalização. O Brasil não tem condições hoje de propor a descriminalização de qualquer droga".

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Propostas dos candidatos

A edição n°. 1.504, mês de setembro, do Jornal Mensageiro da Paz, periódico oficial das Assembleias de Deus, publicado mensalmente pela Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD (mais informações, clique aqui), trouxe uma excelente e esclarecedora reportagem sobre o perfil e propostas dos principais candidatos a presidente do Brasil. Muito oportuna a reportagem, tendo em vista que no próximo domingo mais de 100 milhões de brasileiros irão às urnas escolher o novo mandatário do país. Por isso, aproveito este espaço para transcrever integralmente as informações referente a cada candidato, tais como perfil e origem política e suas propostas quanto ao aborto, união civil de homossexuais, adoção de crianças por casais homossexuais e legalização da drogas. O primeiro será o candidato do PSDB José Serra. Na segunda-feira (27) a candidata do PT, Dilma Roussef e, finalmente, na quinta-feira (30), se Deus assim nos permitir, será a candidata do PV Marina Silva. Então, aproveite para ratificar sua decisão e se ainda não tem decida agora lendo e conhecendo as propostas dos candidato numa óptica cristã.

José Serra

Sobre fé e origem política - Católico desde a infância, o paulista de ascendência italiana e doutor em Economia José Serra, 68 anos, começou sua militância política na Ação Popular (AP), mais conhecida como "esquerda cristã", um movimento político nascido em junho de 1962 a partir de um congresso de jovens católicos em Belo Horizonte reunindo a Juventude Universitária Católica (JUC) e outras agremiações da chamada Ação Católica. Quando a AP aderiu à guerrilha, Serra, que havia sido eleito presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) com o apoio da AP, reprovou a medida de seus colegas.
Durante a Ditadura Militar, foi exilado na Bolívia, França, Chile, Itália e EUA. Durante o exílio, Serra foi abandonando aos poucos a ideologia socialista para aderir definitivamente à chamada social-democracia contemporânea, mais conhecida hoje como "Terceira Via", uma espécie de "esquerda light" que nega a luta de classes, rompe com qualquer proposta de substituir o sistema capitalista por outro (nem mesmo paulatinamente), porém ainda procurando mesclar alguns pontos do socialismo com o capitalismo, defendendo alguma intervenção do Estado tanto na economia como na vida das pessoas. São exemplos de social-democratas os políticos Bill Clinton e Barack Obama, nos EUA; Tony Blair e Gordon Brown, na Inglaterra; e Gerhard Schröeder, na Alemanha. Popularmente, essa corrente política é denominada também de "política de centro", embora historicamente essa designação tenha sido usada no Brasil mais para se referir à política do PMDB. A social-democracia se personificou, de fato, no PSDB, ao qual Serra é filiado desde a sua fundação.


Aborto - Historicamente, Serra sempre se posicionou contra a legalização do aborto no Brasil, posição que mantém até hoje. Em relação ao tema aborto, pesa contra ele apenas um episódio de 1998, quando congressistas pró-aborto pressionaram o então ministro da Saúde José Serra para que editasse uma Norma Técnica dispondo sobre a excepcionalidade da prática de abortos no Sistema Único de Saúde (SUS) do governo federal em casos de crianças de até 20 semanas (cinco meses) concebidas em estupro. Como a legislação brasileira permite o aborto em casos de estupro (artigo 128 do Código Penal), Serra cedeu e editou a tal Norma, que fez com que o SUS praticasse pela primeira vez abortos.
Ainda naquela época, Serra fez questão de deixar claro que a edição da referida Norma na significava a existência de alguma disposição de sua parte em apoiar alguma mudança na legislação brasileira a respeito do aborto. E durante a atual campanha, o candidato do PSDB enfatizou isso mais uma vez, em pelo menos três ocasiões. A primeira ocorreu em maio , em entrevista ao apresentador Carlos Massa ("Ratinho") do SBT, ocasião em que garantiu que seu governo não apoiará nenhuma iniciativa para mexer na lesgislação sobre o aborto. A outra declaração se deu em sua entrevista à estatal TV Brasil em julho: "No que depender da inciativa do Executivo, a lei atual [sobre o aborto] ficará como está". E a última declaração (até o fechamento desta edição) foi proferida na sabatina de presidenciáveis promovida pelo jornal Folha de São Paulo e o portal de notícias UOL em 21 de julho, ocasião em que Serra afirmou: "Considero o aborto uma coisa terrível. (...) Isso [a legalização do aborto] liberaria uma verdadeira carnificina. Dificultaria também o trabalho de prevenção, como no caso da gravidez na adolescência, que é um assunto muito grave. Isso [a legalização do aborto] liberaria gravidez para todos os lados". Serra enfatizou na ocasião  que o resultado da legalização do aborto seria que a prática "a mulher vai para SUS e faz o aborto" acabaria por "virar um processo", uma conduta habitual, gerando "uma carnificina".


União civil homossexual e adoção de crianças por homossexuais - É a favor de ambas. Na referida sabatina ao jornal Folha de São Paulo  e ao site UOL, por exemplo, ele declarou seu apoio a esses dois pontos. Sobre a adoção, declarou: "Tem tanto problema grave de crianças abandonadas no Brasil que, para a criança, é uma salvação. Se houver condições psicológicas - isso vale para qualquer tipo de casal (sic) ou pessoa - não vejo por que não aproveitar".
Por outro lado, no caso da união civil homossexual, Serra posiciona-se claramente contra as igrejas serem forçadas pelo Estado a aceitarem realizar "casamentos" homossexuais. Em 1 de maio deste ano , falando no evento dos Gideões Missionários da Última Hora, promovido pela Assembléia de Deus em Camboriu (SC), Serra afirmou que "o Estado não deve legislar sobre casamentos entre pessoas do mesmo sexo em cerimônias religiosas", pois "essa é uma questão de cada igreja. Cada uma tem liberdade e autonomia  para decidir a esse respeito. Seria uma intrusão dizer que tal igreja tem que fazer isso ou aquilo". E mais recentemente, em entrevista à estatal TV Brasil, em julho, Serra reafirmou sua posição contra qualquer imposição do Estado para que as igrejas sejam forçadas as realizar "casamentos" entre pessoas do mesmo sexo, destacando que isso seria ferir a liberdade religiosa no país: "É um assunto em que o Estado não entra, é problema das pessoas. Cada crença tem a sua orientação. Se uma igreja não quer casar, mesmo havendo a união civil, a igreja não pode ser obrigada a isso".


Legalização da drogas - É totalmente contra. Em entrevista à TV Bandeirantes em Belo Horizonte, em 28 de julho, Serra asseverou que não aceita nem mesmo a legalização da maconha, dita pelos liberais como "inofensiva": "Sou contra [a legalização das drogas], daria uma confusão. Nem mesmo na Holanda, um país arrumadíssimo, a legalização da maconha deu certo. A maconha é um passo para outras drogas. Defendo uma política de combate às drogas baseada em repressão, educação nas escolas e tratamento".

Vigiai, Votai e Orai!!!

Chega ser nojento o que temos presenciado nos últimos dias. Ao ligarmos a tv logo pela manhã para nos inteirar dos acontecimentos do país e do mundo, somos lamentavelmente bombardeados com noticias de corrupção, o que não difere à noite quando sentamos no sofá de nossa sala (vale a pena?) para fecharmos o dia atualizado dos fatos. Flui em mim e creio também em todos os cidadãos de bem deste país, total repudio, seguido de revolta, ante àqueles que estão envolvidos na
Administração Pública, seja qualquer dos poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Presenciei, ainda, na tv um determinado Deputado Estadual, descaradamente (desculpe! foi a "melhorzinha" que encontrei) confessando como fazia para lesar o povo, distribuindo dinheiro para todos aqueles que faziam parte da fábrica da proprina. E o referido individuo já está  na sexta legislatura!
Enquanto rios de dinheiro estão sendo desaguados em malas, bolsos, cuecas, etc, o povo está a mingua, padecendo dia após dia na miséria, sem perspectiva de uma ação eficiente e sem interesses afins por parte do  Estado. No entanto, diante desses fatos vergonhosos nada fazemos para fazer prevalecer a vontade de um povo sobre os bandos que nos assaltam país afora. Lembro-me de revoluções e protestos que foram protagonizados pelo povo, provocando a saída ou renúncia de mandatários desta terra tropical. Não podemos renegar os bons costumes, devemos sempre utilizá-los. Não estou fazendo apologia a anarquismos ou inssurreições violentas e anti-democráticas, e sim, manifestações públicas que ecoem em todo país e todos conheçam a imundícia grudada no meio politico brasileiro. Foi devido a isso que o ex-Governador do Distrito Federal José Roberto Arruda caiu fora. Totalmente diferente da reação popular quanto aos episódios recentes de tráfico de influência dentro da Casa Civil no atual governo. Ao contrário de manifestações de repúdio, aquele que está lesando o povo está convocando seus militantes, para "protestar" contra a "atual mídia golpista" contra sua candidata (lei interessante matéria do Pr. Silas Daniel aqui). Mim faça uma garapa, viu! Isso provocou um manifesto pacífico de 250 grandes personalidades públicas a favor da liberdade de expressão e da imprensa sob ataque no atual governo (Lei aqui). 
Contudo, acho que maior do que a revolta da corrupção executada e demonstrada, é a visualização de não punição daquele que cometeu o litígio. Assegurado por garantias constitucionais, o camarada de má conduta ganha o direito de responder pelos seus maliciosos atos em liberdade, caindo assim no esquecimento da mídia em geral e consequentemente no esquecimento do povo e, neste filme o vilão acaba se dando bem, voltando "com todo gás" para a reedição do filme (eleição).
Por conseguinte, 3 de outubro será a reaparição dos mesmos que fizeram ou fazem proliferar a corrupção.  Temos que reconhecer que é um direito (não deveria) que lhes cabem, por isso cada eleitor precisa, mais do nunca, refletir e ter cada vez mais consciência crítica ao votar. Não votar só por votar, nem também em troca de motivos fúteis. E isso cabe, principalmente, aos crente em Cristo Jesus. 
Estamos pregando de um jeito e votando de outro. Abolimos práticas que vão de encontro a Palavra de Deus, as quais estão caminhando para se tornarem leis, tais como legalização extensiva do aborto, das drogas, legalização da homofobia e muitas outras que ferem diretamente a moral, e elegemos justamente os que levatam tais bandeiras. Coerência! Esta é a palavra do momento. Não que este ou aquele candidato seja melhor, mas pelo menos vote naquele que esteja menos contaminado pelo famigerado sistema politico brasileiro e tenha compromisso com os princípios divinos.
Por fim, após vigiarmos e votarmos, oraremos para que Deus estenda suas mãos poderosas sobre nós e nos dê graça para que possamos, suportar os dias maus que ainda virão. 
"Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. (...) E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm; Estando cheios  de toda iniquidade, protituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; Sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e às mães; Néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia; Os quais, conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem" ( Romanos 1.21,22, 28-32).

terça-feira, 21 de setembro de 2010

AD Jequié, 66 anos!

Neste último final de semana, foi celebrado os 66 anos de fundação da Assembleia de Deus em Jequié (BA). Começando na quarta-feira, 15, a festa estendeu-se até o domingo, 20, com explanações da palavra de Deus, louvores e adoração ao dono da obra: o Senhor Jesus Cristo. No domingo pela manhã houve batismo nas águas (53 novos membros) e a celebração da Santa Ceia com a participação de todo o campo jequieense.
Tudo começou em 1945, quando fixou residência em Jequié o irmão Sidrack Demóstenes de Souza, junto com sua esposa irmã Francisca de Souza e filhos, vindos da cidade Rui Barbosa (BA), sendo membros da Assembleia de Deus daquela cidade.
Certo dia, na feira livre da cidade, um dos filhos do irmão Sidrack conheceu dois homens vendedores de livros e outros materiais evangélicos, que diziam ser da AD e o menino então convidou-os a ir até a sua casa. Tratavam-se de dois obreiros que, tendo conhecido o irmão Sidrack e sua família, comungaram em evangelizar de casa em casa, semeando a preciosa semente. A semente germinou e Deus lhe deu o crescimento. Converteram-se a Jesus os primeiros filhos da terra: a irmã Luísa e suas filhas. 
Persistiram a anunciar as Boas Novas de Salvação. No dia 02 de setembro de 1945, na casa da irmã Luísa, foi realizado o primeiro culto pentencostal. Nascia a Igreja Evangélica Assembleia de Deus na Cidade Sol.
Com o inicio do trabalho, outros obreiros vieram e deram sua contribuição para o desenvolvimento da igreja. Por aqui já passaram os Pastores Luis da Silva Santana, José da Silva Santana, Aristotoles Bispo dos Santos,   Missionário Ernest Hoglander, Aristotoles Torres de Alencar, João de Paiva, Otávio Rodrigues, Manuel Lima, Claudionor Soares, Cícero Pedro, Ari Monteiro, José Teles, Manuel Monteiro, Miguel Pereira, Eduardo Ribeiro e, atualmente, preside a igreja Pr. Elienildo de Amaral Soares.
Que essa igreja continue trilhando na vontade do Senhor até alcançar as mansões celestiais.

Parabéns!!!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Missões!!!


Ontem, nas Assembléias de Deus no Brasil, comemorou-se o Dia Nacional de Missões. Geralmente nesses cultos somos impactados e alertados à urgente necessidade de, incansavelmente, anunciarmos, orarmos e contribuirmos com a obra missionária, o que não foi diferente no Templo Sede da Assembléia de Deus onde congrego. Foi apresentado aos presentes um vídeo gravado dentro do Conjunto Penal de Jequié, no momento em que acontecia um culto com cerca de 80 internos. Atentamente ouvindo uma pregação ferverosa, os presos intercalavam-na com brados de Aleluia! e Glória a Deus! seguida de um hino de louvor após a referida pregação. Após o vídeo, o irmão Ramalho, que é um dos responsáveis por esse trabalho junto à unidade prisional, falou-nos de dados alarmantes quanto à composição dos internos. Segundo ele, cerca de 800 estão na unidade. Destes, 90% são jovens entre 20 e 32 anos; 95% estiveram ou estão envolvidos com o submundo das drogas e, por fim o mais grave, uma grande quantidade são filhos de pais cristãos. Dura realidade!
Não menos impactante, foi apresentado um vídeo demonstrando a dura realidade socio-econômica no continente africano. Com muitas dificuldades o evangelho chega a esse sofrido continente. E essas dificuldades, infelizmente, é de ordem financeira, visto que depende das doações de cada irmão. No entanto, só "lembramos" dessas dificuldades e da realidade de tornar o evangelho transformador acessivel aos africanos ou a qualquer outro povo, quando somos tocados por vídeos ou imagens ora apresentados. Outrora, fechamos os olhos e "investimos" mais em pedras, tijolos, cimento, comodidade, superficialidades e coisas efêmeras do que em almas necessitadas de socorro e esperança. Urge-nos a necessidade de mudarmos o foco de nossas ações, os são não precisam de médico, mas sim os doentes!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Série de Estudos!



Na última postagem, falei sobre alguns aspectos do princípio da solidariedade. Dentro deste, comentei sobre o princípio do perdão, uma característica do cristianismo que, embora lindo de se ler e ensinar, sua prática requer renúncia de alguns direitos. Temos o direito de receber retratação pela ofensa sofrida, mas Jesus nos põe em tal situação que somos impelidos a perdoar mesmo que não tenha partido de nós a ofensa.

Isso é diretamente inverso aos valores materialistas.

Em nós há um senso de justiça que insiste em cobrar a justa recompensa pelos atos cometidos por terceiros.
Queremos que a moça favelada sorteada no programa de auditório para participar de uma competição onde o prêmio pode (teoricamente) mudar sua vida, vença e seja feliz, porque nos identificamos com sua luta, sua dor, sua insistência em não desistir.

Queremos que aquele homem, aposentado federal, pai de dois filhos que agora estudam no exterior, esposo de uma mulher muito bonita e também bem sucedida, e que foi preso por aliciar meninas de dez, onze anos, para orgias com pedófilos e pessoas com distúrbios sexuais, seja preso... Melhor, seja executado. Ele não merece perdão. Não é digno de misericórdia.

Nosso senso de justiça, embora deturpado, nos incita a não aceitar a transgressão voluntária. Todavia, embora os conceitos não sejam excludentes, antes se completem, tendemos a separar misericórdia de justiça. Para o criminoso e aquele que feriu nosso senso moral de sociedade, exigimos justiça. Mas, se a transgressão partiu de nós ou de um dos nossos queridos, lembramos imediatamente que existe a misericórdia.

Pensando nisto, quero refletir juntamente com vocês sobre outra característica da solidariedade cristã:

“Assim diz o Senhor dos Exércitos; Executai justiça verdadeira, mostrai bondade e misericórdia cada um a seu irmão. Não oprimais a viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre, nem intente o mal cada um contra o seu irmão no seu coração.” 1


“Sede misericordiosos, assim como o vosso Pai é misericordioso.” 

Segundo o Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento (DITNT)3 , no Antigo Testamento, a palavra mais comum para misericórdia é hesed4 , que traz o sentido de “comportamento correto segundo a aliança”. Ou seja, traduz o sentimento hebraico comum no A.T. de que todos são beneficiados pela misericórdia comum de Iavé para com seu povo, fazendo uma aliança com estes. Um pacto.


As alianças podiam ser feitas entre partes iguais ou entre um mais forte e um mais fraco. No caso da aliança Abraãmica, Deus assume toda a responsabilidade pelo cumprimento do “contrato” entre Ele e a Abraão, como fica claro no ritual pactual de Gênesis 15.17. Neste ritual, duas partes estabeleciam os critérios do contrato e então partiam um bezerro ao meio, logo, ambas passeavam entre as partes e repetiam a frase: 

“Assim se faça àquele que quebrar o pacto”. Há, porém, uma linha de estudo que propõe que este tipo de aliança era feita entre um Rei e um e seus regentes vassalos. A parte inferior (no caso, os vassalos) passavam entre os animais repetindo uma frase que podia dizer mais ou menos assim: “Assim será feito a este teu servo se não se submeter a tua autoridade”.

De qualquer forma, Deus vai contra todo critério estabelecido, pois, sendo Ele (logicamente) a parte mais forte, o SENHOR, deveria fazer com que Abraão passasse por entre as partes e jurasse fidelidade. Não. Não seria assim. O fluir da história culminando na revelação do Redentor não ficaria dependente de um homem falho, pecador, inconstante e mortal. Logo, o Eterno, Soberano, Imutável, assume o papel que só cabe a Ele: Cumprir seus propósitos. A tocha de fogo, representação do altíssimo, passa entre as partes do animal morto e sela a aliança, de forma unilateral.

Deus é extremamente misericordioso com Abraão.

Deus é imensurávelmente misericordioso com a Nação de Israel:

“O SENHOR não tomou prazer em vós, nem vos escolheu, porque a vossa multidão era mais do que a de todos os outros povos, pois vós éreis menos em número do que todos os povos, mas porque o SENHOR vos amava; e, para guardar o juramento que jurara a vossos pais, o SENHOR vos tirou com mão forte e vos resgatou da casa da servidão, da mão de Faraó, rei do Egito. Saberás, pois, que o SENHOR, teu Deus, é Deus, o Deus fiel, que guarda o concerto e a misericórdia até mil gerações aos que o amam e guardam os seus mandamentos; e dá o pago em sua face a qualquer dos que o aborrecem, fazendo-o perecer; não será remisso para quem o aborrece; em sua face lho pagará.”5 

Deus continua a ser absolutamente misericordioso para com a humanidade, pois, embora esta caminhe a passos largos para um trágico fim, esquecendo-se de quem os criou e negando-lhe o direito de soberania sobre todos (embora na prática, Deus não dependa da vontade humana para cumprir seus propósitos), Ele ainda sustenta seu plano redentor e usa de misericórdia para com os homens.

Daí então, baseado no princípio da solidariedade, se conclui que, não é possível confessar a fé cristã, sem o exercício da misericórdia. Jesus advertiu seus ouvintes várias vezes lhes lembrando que, assim como Ele usava de misericórdia para com todos, seus discípulos (e aqui não se refere estritamente aos doze apóstolos) o deveriam fazer entre eles e também a qualquer um que lhes procurasse, independentemente de suas motivações para tal.

“Dá a quem te pedir e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes”.6

Não é possível pensar que aqueles que Jesus curou, estavam todos convictos de sua autoridade messiânica. João testifica que Jesus, conhecendo os intentos do homem, não confiava em suas palavras, pois sabia o que estava em seu interior:

“Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia e não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem”. 7 

E revela as motivações de muitos que o procuravam para receber a cura:

Então, Jesus lhe disse: Se não virdes sinais e milagres, não crereis.8 

E daqueles que o seguiam sem o interesse real em sua palavra, mas apenas naquilo que Ele poderia dar:

Jesus respondeu e disse-lhes: Na verdade, na verdade vos digo que me buscais não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes.9 

Mesmo assim, o Senhor cura os enfermos, dá vista aos cegos, liberta os possessos.

Não cabe a nós julgar o mérito daqueles que precisam. Fazer um levantamento do histórico para ver se o desafortunado merece nossa misericórdia. O que nos cabe é ser misericordiosos.

Em vários momentos distintos, Jesus demonstra uma compaixão profunda pelos perdidos, pelos humilhados, pela multidão que entra em Jerusalém em busca de conforto para a alma e só encontram um bando de exploradores na porta do templo que pesam ainda mais o julgo que está sobre os ombros dos abandonados.

Imagine você irmão/irmã, sendo uma pessoa pobre no primeiro século, vivendo sob condições precaríssimas em termo de saúde (expectativa de vida em torno de 45 anos), vivendo da criação de pequenos rebanhos de ovelhas em uma terra de lugares inóspitos, cujo único alívio das tribulações cotidianas seria ir à Jerusalém, ao Santo Templo. Chagando lá, ser recebido por um Levita que lhe diz que, para oferecer sacrifícios é necessário fazer a troca da moeda romana pelo dinheiro do templo, a uma taxa de juros absurda. Ainda por cima, ter que comprar ali mesmo os animais para a oferta, pelo preço que fosse mais conveniente aos mercadores. Dá para entender então a fúria de Jesus:

“Jesus entrou no pátio do Templo e expulsou todos os que compravam e vendiam naquele lugar. Derrubou as mesas dos que trocavam dinheiro e as cadeiras dos que vendiam pombas. Ele lhes disse: 
—Nas Escrituras Sagradas está escrito que Deus disse o seguinte: “A minha casa será chamada de ‘Casa de Oração’.” Mas vocês a transformaram num esconderijo de ladrões!”10 

O lugar para onde os cansados a abatidos deveriam recorrer para sentir alívio de suas dores e desilusões, se tornara mais um posto de exploração e humilhação.

Penso que o motivo pelo qual tão poucas pessoas exercitam a misericórdia, se deve não só ao fato de que entre os necessitados, estão muitos descarados, que se infiltram entre aqueles que estão em busca de socorro, para se aproveitarem da boa fé de alguns. Mas, também, pelo fato de que o pobre, mendigo, morador de rua, viciado, etc. Fazem parte da paisagem urbana. É isso mesmo! Se pedir a alguém para descrever a vista que tem janela em alguns lugares do país, é provável que uns declarem:

- Da minha janela vejo a rua que passa logo em frente, muitas casas e apartamentos. O trânsito está intenso. Há um grupo de viciados na esquina, e uma pessoa deitada embaixo da marquise da padaria, toda enrolada de forma que não é possível saber se é um homem, uma mulher, ou mesmo uma criança. Tem algumas árvores na praça, onde os passarinhos fazem ninhos e amanhecem cantando a toda voz.

Todos os dias tropeçamos em viciados jogados no chão, velhos enrolados em cobertores surrados sentados em um canto da rua. Todos os dias assistimos os noticiários e vemos crianças em condições subumanas morando de frente para condomínios de alto luxo. Criticamos o governo por não criar programas que atinjam estas faixas sociais. Todos os dias nos comovemos com histórias trágicas, até o momento que desligamos o televisor, e, junto com ele, a consciência.

Agente até pode defender e pregar a misericórdia, mas, sinceramente, não somos misericordiosos. Há muitas exceções, concordo. Mas, exceções não são regras, e Jesus deixa claro que a misericórdia é regra para vida cristã.

No clássico “Em seus passos, que faria Jesus”11  Sheldon conta a história de uma igreja que era por demais tradicional, freqüentada pela alta sociedade da época, dirigida por um pastor que estava imerso na preocupação por preparar um sermão refinado, dentro das regras homiléticas e hermenêuticas, que agradasse ao seu público do Domingo pela manhã. Neste bendito dia, enquanto ele faz sua prédica, entra um mendigo e vai até a frente. Volta-se para a igreja e começa a declarar como foi tratado durante aquela semana pelos fiéis. Ninguém o atendeu. Ninguém o ouviu. Ele era um espectro passeando em meio aquela cidade. Mesmo o pastor, ao invés de lhe receber, preferiu o dispensar pois precisava voltar logo ao raciocínio e concluir seu grande sermão dominical.

Estamos priorizando o secundários, e adiando as prioridades.

Falamos de avivamento. Mas esquecemos que, em todos os tempos, em todos os lugares, os avivamentos aconteceram quando alguém percebeu que a igreja era mais que quatro paredes.

O avivamento veio quando Moody tirou crianças das ruas e os levou a prender sobre Cristo, os assentando (a um custo alto) nas primeiras fileiras da igreja.

O avivamento veio quando George Muller, não se conformando com a insensibilidade das igrejas de seu tempo, construiu orfanatos para mais de sete mil crianças órfãs, lhes ensinando valores cristãos.

O avivamento veio quando Guilherme Carey implantou escolas superiores na Índia, promovendo a educação e a mudança cultural naquele país, mesmo contra a vontade da coroa inglesa.

Se queremos um avivamento, precisamos voltar a priorizar as pessoas e esquecer um pouco esta corrida louca pela fama e sucesso.

A misericórdia é uma característica do cristianismo puro e simples, que verdadeiramente transforma tudo que entra em contato com ele.

Sejamos pois misericordiosos, como o é nosso Pai que está nos céus, que faz que o sol nasça sobre bons e maus, e a chuva desça sobre justos e ímpios.

Continua...


1- Ez. 7.9-10
2- Lc. 6.36
3- COENEN, L.; BROWN, C. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, v. 1. São Paulo: Vida Nova, 2000.
4- Iden. Verbete Misericórdia. Pg. 1295.
5- Dt. 7.7-10.
6- Mt. 5.42
7- Jo. 2.24-25.
8- Jo. 4.48
9- Jo. 6.26
10- Mt. 21.12,13 (versão NTLH)
11- SHELDON, C. H. Em seus passos que faria Jesus, 1ª edição. São Paulo: Editora Cristã Unida, 1997.


Por Davi Oliveira / Publicado em Mente e Espirito.