quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Finalizando a transcrição das propostas dos principais candidatos a presidente do Brasil, relatando sua origem política, propostas sobre aborto, união civil de casal homossexual, adoção de crianças por homossexuais e legalização das drogas, publicado na edição de setembro/10 do Jornal Mensageiro da Paz (CPAD), segue abaixo os ideais da candidata do PV, Marina Silva, quanto aos temas ora citados. Lembrando que já discorremos sobre as idéias do candiato do PSDB José Serra (clique aqui) e da candidata do PT Dilma Roussef (clique aqui).



Marina Silva

Sobre fé e origem política - Evangélica desde 1997, membro da Assembleia de Deus e formada em História, a acreana Marina Silva, 52 anos, começou a sua trajetória política nos anos 80, no Partido Revolucionário Comunista (PRC), que se abrigava no PT sob o comando do então deputado José Genuíno. Por essa época, engajou-se no movimento sindical do Acre, chegando a fundar a Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Estado em 1985, ao lado de Chico Mendes. Filiou-se oficialmente ao PT em 1986, sendo eleita vereadora, deputada estadual e senadora. Durante dura enfermidade que sofreu nos anos 90 em decorrência de sua contaminação por metais pesados quando ainda vivia no seringal, converteu-se, abandonando o materialismo radical (ateísmo) - como admitido em sua biografia lançada este ano - e se ligando à Assembleia de Deus. Deixou o PT em 2009 para se filiar ao PV. Por sua história ligada à causa ambiental, é respeitada internacionalmente como uma das maiores personalidades na área de meio ambiente.
No que diz respeito à sua relação com o meio evangélico, Marina tem trazido alegria por falar publicamente contra o preconceito em relação à fé evangélica e por permanecer, depois de muitos anos, se conduzindo no meio político sem envolver-se com corrupção. Porém, tem sido criticada por chancelar ideologicamente defensores da Teologia da Libertação e por se ainda hoje condescendente com algumas propostas defendidas por alas radicais da esquerda brasileira, como é caso de sua posição à extradição de Cesare Battisti, terrorista foragido, condenado pela justiça italiana pelo assassinato de quatro pessoas (duas como mandante e as outras como executor), roubo, formação de quadrilha e insurreição armada contra os poderes do Estado.      

Aborto - É pessoalmente contra a legalização do aborto, mas propõe um plebiscito para se avaliar o assunto. Seu atual partido, o PV, defende abertamente a legalização do aborto, embora não coloque a aceitação dessa proposta como condição para se filiar ao partido, diferentemente ao antigo partido de Marina, o PT. Em uma de suas muitas declarações sobre o tema, com é o caso da entrevista ao programa Painel RBS em 18 de maio, transmitido pela Rádio Gaúcha, Marina afirmou: "Proponho um debate democrático sobre o tema. Quero que os brasileiros saibam minha posição pessoal, mas sei que temos um Estado laico".
Ao que parece, a candidata do PV acredita, apoiada nas últimas pesquisas nacionais sobre a legalização do aborto (que mostram a maioria da população contra), que a proposta de legalização certamente perderia em um plebiscito e, assim, o tema seria encerrado. Contra sua tese, porém, pesa o fato de que como o aborto é o assassinato de uma vida, não deveria, na prática, sequer ser submetido a um plebiscito. E ao referir-se ao Estado laico quando fala sobre esse assunto, a candidata está, mesmo sendo contrária ao aborto, admitindo à tese de que a oposição ao aborto trata-se apenas de uma questão religiosa, como defendem os defensores da legalização do aborto.

União civil homossexual e adoção de crianças por homossexuais - É contra se dar o status legal de casamento a uma união homossexual, mas é favor da legalização civil de uniões homossexuais. Marina defende que homossexuais que vivem como "casais" tenham direito a herança conjunta, plano de saúde conjunto e direitos previdenciários como qualquer casal. Em um encontro com pastores em Bauru (SP) em 29 de julho, ela reafirmou sua posição: "Por entender um casamento com um sacramento entre um homem e uma mulher, sou contrária, mas defendo que os direitos civis dos homossexuais sejam protegidos. Não concordo que eles não devam ter direito a plano de saúde conjunto, não concordo que não devam ter direito à herança conjunto". E acrescentou: "É engraçado que isso gere um certo estranhamento. Junto à comunidade gay existem alguns que ficam contrários à minha posição por não defender o casamento, e junto à comunidade evangélica alguns ficam insatisfeitos porque digo que não sou contrária aos direitos civis e à preservação de bens".
Quanto a adoção de crianças por homossexuais, Marina diz não ter ainda opinião formada sobre o assunto. Na primeira vez em que foi perguntada sobre o tema, ao participar de um encontro com evangélicos em Cuiabá (MT) em 5 de maio, afirmou à época que ainda estava definindo seu posicionamento "como cristã e como psicopedagoga". E explicou seu impasse: "Vivemos num mundo em que milhares de crianças estão abandonadas. Por outro lado, há questionamentos que são levantados em relação à figura dos agentes paternais [homossexuais]". Dois  meses depois, em 15 de julho, em sabatina feita pela Record News em São Paulo, afirmou que ainda não tinha opinião formada sobre o assunto.

Legalização de drogas - É pessoalmente contra, mas propõe que a legalização da maconha seja colocada em plebiscito. Seu atual partido, o PV, defende abertamente a legalização da maconha, embora não coloque a aceitação dessa proposta como condição para se filiar ao partido. Na sabatina de 15 de julho em São Paulo feita pela Record News. por exemplo, Marina afirmou que "a simples legalização do consumo das drogas não seria o melhor caminho para combater o narcotráfico", mas defendeu o plebiscito para avaliar a legalização da maconha. Em entrevista ao Painel RBS em 18 de maio, transmitida pela Rádio Gaúcha, disse: "Essa questão é muito complexa e proponho um plebiscito para que a sociedade possa debater". Como no caso de sua proposta de plebiscito sobre o aborto, Marina parece crer, apoiada nas últimas pesquisas nacionais sobre a legalização das drogas (que mostram a maioria da população contra), que a proposta de legalização certamente perderia e, assim, o tema seria encerrado.                

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